Em tempos de reportagens que deixam qualquer ser humano de bem densamente estomagado –
como esta entrevista do Ed Motta (clique aqui para ler), que o Eduardo Goldenberg comenta no seu blogue (Buteco do Edu) –
é bom a gente se lembrar de gente boa.
Sou fã incondicional do Ariano Suassuna. Dramaturgo, ensaísta, poeta: um camarada dos mais cultos e dos mais simples que o Brasil já viu passar por essas bandas.
Meio bronco, mas sempre bem-humorado, é intransigente em relação a suas convicções artísticas. Brinca com a massificação da arte, implica com os artistas de mercado, acaba com os que se rendem à americanização, mas é um defensor da cultura popular, principalmente a nordestina, em suas diversas manifestações.
Ariano gosta, por exemplo, de lembrar Luiz Gonzaga, ao dizer que "nessas vocalistas de forró as blusas terminam muito cedo, as saias e shortes começam muito tarde".
Aliás, num artigo recente, ele escreve: "Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem ‘rapariga na platéia’, alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é ‘É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!’, alguma coisa está muito doente".
Já deixei, há um tempo, no Twitter, um vídeo famoso em que o mestre conta sobre a vez em que um jovem tentou convencê-lo a "entrar nas novas ondas musicais", alegando que ele estaria ficando ultrapassado (?). Confiram o clássico Rutherford / Bohr:
E agora vão ler O Romance d'A Pedra do Reino!