14 de out. de 2013

Pelo Dia dos Mestres

Definitivamente, não é fácil ser professor.

Ao entrar em sala, a quase totalidade dos alunos não quer saber se você teve uma noite difícil, se alguém na sua família está doente, se você perdeu um parente, se aquela dívida já está batendo à porta, se o trabalho fora de sala (sim, ele existe e ocupa a maior parte do tempo de um bom professor) exigiu mais que o costumeiro, se seu casamento passa por uma fase complicada.

O educador - crê-se - está lá pra fazer com que todos aprendam os tópicos planejados, da melhor maneira possível. Sorrindo. E, mesmo dando o máximo de si, vai haver os que não conseguirão perceber esse esforço e que dirão vez ou outra: "Ih, ele está estressado... A mulher dele deve ter dormido de calça jeans esta noite..." ou "A aula hoje não tá engraçada... Ele não é mais o mesmo..."

Estar exposto ao julgamento de centenas pessoas toda semana é muito difícil. Basta uma frase descontextualizada para que se teçam considerações sobre seu caráter, sobre sua personalidade. Há muitas injustiças a que sequer podemos responder, porque as desconhecemos.

Mas, então, vale a pena ser professor? Claro que vale. A despeito de todos os obstáculos, não há sensação melhor, para mim, do que poder fazer alguém sair transformado de uma aula. Sempre é possível fazer alguém rir ou chorar, entendendo melhor a si mesmo e ao mundo; é possível fazer alguém ganhar mais consciência social e crítica; é possível fazer alguém saber ler melhor, escrever melhor. Sempre é possível fazer com que pessoas cheguem mais perto dos seus sonhos, preparadas para enfrentar o mundo do jeito que ele é. Sempre é possível mostrar o que pode (e deve) ser conservado e o que pode ser transformado na nossa sociedade. Por isso, cada aluno é fundamental para todo professor.

Num dos meus primeiros anos de magistério, uma aluna do primeiro ano do ensino médio me perguntou: "Professor, você trabalha em quê?"

Achei muita graça na pergunta, brinquei, mas ela me fez pensar bastante. Afinal, qual meu trabalho como professor? Ao final da aula, respondi a ela algo como: "Trabalho em fazer com que as pessoas sejam mais responsáveis consigo mesmas e com os outros, com que estejam preparadas para o mundo, com que sejam livres para pensar."

E, por isso, tantas e tantas vezes fico triste quando uma aula acaba. Por mim, falaria mais, debateria mais, daria novos pontos de vista, contaria tudo que já aprendi. Felicidade também é isto: não querer que um momento acabe.

Agradeço a meus professores e a meus colegas de profissão por terem moldado meu caráter, por terem me ensinado como aprender, por me mostrarem a importância da curiosidade e do respeito.

Agradeço a todos os meus (ex-)alunos (já disse aqui que professor não é ser transitório na vida de ninguém: uma vez professor, sempre professor) por me darem a oportunidade de fazer aquilo que me dá mais prazer na vida.

Feliz Dia dos Mestres.

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